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Cigarros e café, calmo e agressivo que acaba empaticamente apático. No inverno se sente bem e olhando para o oceano sabe que nada mal pode acontecer.

sábado, 23 de maio de 2009

600 km

E as quatro e pouco da tarde ele chegou ao destino, praia, no inverno a areia fica úmida e escura e o céu cinzento, e a essas horas da tarde a água é realmente gelada. Mas ele estava ótimo, sentado no capô do maverick com o litro quase no fim, cigarros quase no fim, um dia quase no fim, e ele observava o mar, as ondas, o som.
De olhos fechados, sorri, sente-se calmo, o frio, ele precisava estar ali, como se aquela fosse parte principal de uma cena teatral, ele não era o ator em destaque especial, mas sim a iluminação, ele era a canção, o essencial. Tinha de estar ali.
E ele estava lá e o sol das seis da tarde estava caindo.
O cheiro da chuva te anima, mas não pode chover o tempo inteiro. É difícil entender, mas fácil de esquecer, ele é menos do que aparenta ser mas é muito mais do que se possa imaginar. Quando as coisas perdem o brilho e você não consegue achar o caminho de casa é como se o mundo girasse e você tivesse caído nesse exato momento. E ficou para traz.
O céu no horizonte estava vermelho o sol pálido aumentava de tamanho na medida em que morria na linha do mar e se separava do cinza indiferente para deixar a escuridão tomar conta do que é seu e sempre será. Conseguia destingir o vermelho, o amarelo, o laranja de um por do sol. E ele começou a caminhar e continuou a caminhar e entrou no mar e inspirou e caminhou e sorriu e sumiu e nunca mais, nunca mais. Como sal em água, um ninho de sal na água.
Um carro roubado e abandonado, um escrito na lataria com uma chave de fenda, em profundas marcas no aço havia um rabiscado:
“Tão doce quanto chocolate amargo.”

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