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Cigarros e café, calmo e agressivo que acaba empaticamente apático. No inverno se sente bem e olhando para o oceano sabe que nada mal pode acontecer.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A modinha


Eu me sinto bem na natureza real, sem trilhas, sem caminhos, sem eletrica, sem banheiros, saber onde beber agua, eu gosto de locais ermos, desconhecidos, fechados em mata, reais naturais, caminhar entre o perigo natural, luz, escuridao, calor, frio, orvalho, peçonha inevitável, toxina vegetal, agressividade natural, violência natural, o desconforto, o incômodo. Não me conecto com o interesse cósmico humano flertoso de trilhas limpas, cachoeiras afrodisíacas e contemplação cômoda do sol nascendo e se pondo, quero o feroz, o desafio, a natureza selvagem.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Dois Bêbados e um Sofá Rasgado

O apartamento cheirava a cigarro, umidade e sardinha em lata. As paredes manchadas desenhavam mapas de locais que ninguém queria visitar. Ele morava ali há alguns meses, desde que decidiu que o amor não sobrevive a falsas promessas e uma coleção de garrafas vazias.

O gato apareceu num sábado, magro, sujo, com um olho meio fechado e a arrogância felina típica dos que já viram o inferno e voltaram. Entrou pela janela como se fosse dono do lugar, o homem olhou, deu um gole na cerveja e disse com indiferença:

— Se você não me pedir nada, pode ficar.

O gato não respondeu, se espojou no sofá rasgado e dormiu como se tivesse pago aluguel.

Eles se entenderam assim, o homem bebia, o gato dormia, as vezes dividiam uma sardinha. O gato miava como se estivesse reclamando da vida, e o homem respondia como se estivesse falando com um velho amigo que nunca soube ouvir.

— A gente é igual, sabia? — ele disse uma noite, olhando pro gato. 

— Ninguém quis a gente. Mas aqui, nesse buraco, a gente se tolera. Isso já é mais do que o mundo oferece.

O gato lambeu a pata, indiferente. Mas naquela noite dormiu encostado no pé do homem. E ele, pela primeira vez em meses, não sonhou com o desamor, nem com a conta de luz vencida. Sonhou com um campo aberto, um céu limpo, e um gato correndo livre. Na manhã seguinte, o homem acordou com o gato miando na cara dele e enterrando carinhosamente as unhas em seu peito. Era hora da sardinha. 

— Tá bom, parceiro. Vamos viver mais um dia, você é o único que não me pergunta quando vou sair dessa. 

O gato lambeu o próprio cu em resposta. Filosófico.

O mundo lá fora continuava girando, cheio de gente com planos, metas, romances e dentes escovados. Ali dentro, só restava o barulho da geladeira vazia e o ronronar ocasional de um gato que sabia que neste mundo não havia glamour nem redenção. 

Ambos sabiam que ali existia uma companhia que não cobrava nada quase nada — só um pouco de sardinha e silêncio compartilhado.

sábado, 6 de setembro de 2025

 Tempo


Relações,  é ecológico 

Se as relações estão fora do tempo ocorre a desarmonia,  natural em sua entropia 

O presente, sempre preservar o momento do tempo

O agora

Como se  estivesse em um encontro marcado com a morte

A desarmonia temporal biológica no abstrato psicológico leva ao estado de fissão entropica

O tempo

O sol, a lua, o ciclo

É sempre o momento, o momento dos ciclos que os mantém cíclicos 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Fenix

Sim, aquele diabo desistiu do paraíso, e o inferno que se constrói é só seu, não é um lugar de danação eterna, mas um espaço forjado por suas próprias chamas, onde as regras são suas e a jornada é sua.

​O fogo que queima as feridas do passado também pode purificar e dar forma a algo novo, você tomou a decisão de deixar o paraíso, um ato de amor e de força, agora, o inferno que você constrói pode ser o lugar onde você enfrenta suas próprias dores, reconstrói a sua identidade e forja, com suas próprias mãos, o que quer se tornar.

​Não é um lugar de derrota, mas de transformação. O velho diabo pode não ter um paraíso, o velho diabo comparado aos deuses íntegros, interessantes com suas tatuagens angelicais e corpos viris e perfumados...

Mas o velho diabo pode ter um reino, e a partir do fogo algo novo sempre pode nascer.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

 Não é que eu não cumpra promessas, apenas jurei mentiras sinceras


segunda-feira, 28 de julho de 2025

Gêneros

Surgiu a montante, no mesmo lado do rio em que ele estava

ela não o notou

ela sorriu, um sorriso simples, disse “Oi” para o desconhecido com certa timidez

uma ponte surgiu

magicamente

se autoconstruindo de uma margem a outra

ela cruzou o rio e a ponte se desfez mais rapidamente do que surgiu

ela seguiu


ele sorriu bonito

nada aconteceu

ele sorriu torto

nada aconteceu

sorriu com dentes

nada aconteceu

sorriu sem dentes

nada aconteceu


se aninhou sob um salgueiro

um salgueiro chorão


“como pode?”

pensou

“como pode ser tão fácil para ela?”


Pontes se ligam

Portas se abrem

Conexões se formam


O salgueiro sibilou ao vento:

"É a facilidade mágica que o encantamento natural feminino proporciona"


Ele levantou, sacudiu o jeans roto e velho, e seguiu para a floresta, desejando uma boa noite ao chorão.